2 de out. de 2010

Infecção por Rotavírus

Uma doença mais comum do que se imagina, de fácil propagação e que você pode prevenir

A doença
É um vírus RNA da família dos Reoviridae, do gênero rotavírus, que é responsável por um grande número de infecções em bebês. São classificados sorologicamente em grupos, subgrupos e sorotipos.
A infecção varia de quadro mais leve com diarréia aquosa, ao quadro mais graves como desidratação, febre, vômitos e alguns casos levam à morte.
Foram identificados até o momento 7 grupos: A, B, C, D, E, F e G, ocorrendo em diversas espécies animais, sendo que os grupos A, B, e C são associados à doença no homem.
O grupo A é o de melhor caracterização, predominando na natureza, associado à doença no homem e em diversas outras espécies animais.
Estima-se que a infecção por retrovírus seja responsável por índice entre 5% e 10% de todos os episódios diarréicos em crianças com menos de 5 anos. É também responsável pelo maior número de internação hospitalar, atendimentos em emergências e consultas médicas. O número de testes positivos em laboratório é bastante considerável. Os casos mais graves atingem as crianças na faixa de 3 a 35 meses.
Existe antígeno comum de grupo, localizado no componente VP6, no capsídeo intermediário, detectável pela maioria dos testes sorológicos. Esta proteína também determina o subgrupo (I, II, I e II, não I - não II) a que pertence à cepa. Os sorotipos são determinados por duas proteínas (VP4 e VP7) situadas no capsídeo externo.
Dos 14 sorotipos G (VP7) conhecidos, 10 têm sido descritos como patógenos humanos: os tipos G1 a G4, os mais frequentemente encontrados em todo o mundo e para os quais vacinas estão sendo desenvolvidas. Os sorotipos G5, G6 e G10, foram isolados em humanos, que eram encontrados exclusivamente em animais. Os tipos G8 e G12, esporadicamente encontrados e o tipo G9, predominante na Índia. Os pesquisadores Gouveia et al (1994) e Timenetsky (1998) encontraram o sorotipo G5 em amostras brasileiras. Os dados sobre infecção do rotavírus ainda são muito insipiente no Brasil.
Transmissão e incubação
A via de transmissão é fecal – oral, pessoa a pessoa. A concentração do vírus é alta nas fezes frescas nas crianças infectadas e também através de fômites (qualquer partícula capaz de transportar germes patogênicos).
Entre o 3º e 4º dias a partir dos primeiros sintomas é o período de maior excreção viral, no entanto, podem ser detectados nas fezes de pacientes mesmo após a completa resolução da diarréia. O período de incubação varia de 1 a 3 dias.
Diagnóstico clínico e laboratorial
Uma perfeita anamnese, feita com muito cuidado, com dados de história, antecedentes epidemiológicos e o exame clínico podem sugerir fortemente a infecção pelo rotavírus, no entanto como as manifestações clínicas da infecção não são específicas, a confirmação laboratorial é necessária para a vigilância epidemiológica e pode também ser útil em situações clínicas. Na forma clássica, mais frequente em crianças de 6 meses a dois anos, a doença se manifesta como quadro abrupto de vômito, que na maioria das vezes começa com diarréia e febre alta.
É comum observar-se formas mais leves ou quadros subclínicos entre adultos contactantes. Em crianças até os 4 meses pode haver infecção assintomática, levando a crer na ação protetora de anticorpos da mãe e do aleitamento materno ;
A diarréia aquosa, com aspecto gorduroso e caráter explosivo, durando de 4 a 8 dias, pode ser um quadro de infecção por rotavírus.
O diagnóstico laboratorial específico é a investigação do vírus nas fezes do paciente. As fezes devem ser frescas (recente). As envelhecidas, com mais de 4 horas de coletadas podem apresentar resultados falsamente negativos.
O período ideal para detecção do vírus nas fezes é entre o primeiro ao quarto dia de doença, onde o vírus está em estado de maior excreção viral. O método de maior disponibilidade é a detecção de antígenos, por ELISA, nas fezes. Outras técnicas, incluindo microscopia eletrônica e cultura, são usadas principalmente em pesquisas. Métodos sorológicos que identifiquem o aumento de títulos de anticorpos IgG e IgM, por ELISA, também podem ser usados para confirmação de infecção recente.
Existem testes rápidos com baixo custo financeiro e que podem oferecer diagnóstico preciso e imediato.
Tratamento e complicações
É uma doença auto limitada, com tendência a evoluir espontaneamente para a cura, o fundamental do tratamento é prevenir a desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos.
Não é aconselhável o uso de antibióticos para curar a infecção por retrovírus. Terapêutica específica para combater o rotavírus, não existe até o momento.
Dieta alimentar normal, hidratação oral, é o aconselhável. Alguns casos é a necessária hidratação parenteral. Não deve fazer uso de antidiarréicos.
Existem vários trabalhos na literatura mostrando a associação da infecção por rotavírus a encefalites, Síndrome de Reye e à doença de Kawasaki.
As complicações que não assumem caráter circunstancial são a diarréia prolongada em imunodeprimidos e a enterocolite necrotisante em recém-nascidos.
Distribuição e frequência
A distribuição da doença retrovírus é universal, embora com características epidemiológicas distintas, tendo o clima como fator influente.
Locais onde o clima é temperado, o rotavírus se manifesta com uma distribuição tipicamente sazonal, através de extensas epidemias nos meses frios. No clima tropical, a sazonalidade não é tão marcante, manifestando-se mais por um caráter endêmico.
Prevenção e Vacina
Lavar as mãos, principalmente depois de usar banheiro e antes de realizar qualquer refeição, controlar a água que bebe e os alimentos que consome. O destino adequado dos dejetos e do esgoto.
Amamentar os bebês até seis meses de idade fornece proteção não só contra o retrovírus como diversas outras doenças.
A vacina atenuada tetravalente contra os sorotipos G1, G2, G3 e G4, foi liberada para uso nos Estados Unidos desde 1994. Mas recentemente foi suspenso o uso devido às questões de segurança imunobiológica. No Brasil, não é preconizado a vacinação devido as mesmas questões. Em 2000 foi fabricada uma vacina monovalente (RIX 4414), mas eficiente, segura e de alta imunogenicidade.
Vários estudos de uma vacina pentavalente, também com elevada proteção para as formas mais graves de diarréia. Consulte o médico para a aplicação segura da vacina.
Muitos estudos ainda devem ser realizados para que se encontre uma forma eficaz de proteção contra a infecção pelo rotavírus.
Ao aparecer sinais e sintomas da doença, procure o médico ou um posto de saúde para o diagnóstico.
A avaliação laboratorial fidedigna e rápida é de extrema importância para que se faça a intervenção adequada em tempo hábil, evitando o agravamento da doença.

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